Enquanto a população de vilas e favelas em Belo Horizonte teve um crescimento tímido de 5% na última década, a média de aumento de moradores em bairros de classe média, como Castelo, na Pampulha, Buritis e Estoril, na região Oeste, ultrapassou a marca de 100%. O Castelo foi um dos que mais cresceram, passando de 9.222 moradores, em 2000, para 25.360, em 2010 – o salto foi de 174,9%. Segundo especialistas, o aumento se deve a uma melhora na renda da população e à facilidade de crédito. O problema é que o adensamento não é, na maior parte das vezes, acompanhado por melhorias de infraestrutura.
“A melhor condição de consumo da classe média na capital tem aberto caminho para que essas pessoas comprem imóveis. Esses bairros estão atendendo a essa população”, afirma a professora do departamento de Demografia da Universidade Federal de Minas (UFMG) Simone Wajnman. Os dados são do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Ainda segundo o instituto, a renda per capita do estado de Minas Gerais cresceu 43,4%, passando de R$ 539, em 2000, para R$ 773, em 2010.
Com um maior poder aquisitivo, especialistas afirmam que o belo-horizontino está optando cada vez mais frequentemente por morar sozinho. Com isso, a tendência é que as pessoas migrem para bairros novos, ocupados por apartamentos, com preços mais acessíveis. É caso do Buritis, onde o aumento da população em dez anos foi de 106%.
Ainda segundo o IBGE, a densidade por domicílio caiu de 3,5 para três na última década em Belo Horizonte. Para Glauco Umbelino, geógrafo e doutor em demografia pela Fundação João Pinheiro, a capital vive um aumento das habitações unifamiliares. “Ficou mais fácil adquirir um imóvel, por causa dos programas de habitação. Quem morava com a mãe, por exemplo, pode sair de casa”.
O número de pessoas que moram em apartamentos aumentou 34,2%, na capital, enquanto o de moradores de casas diminuiu 6,8%. “É um novo perfil da população, estimulado pelo mercado imobiliário e pela falta de terrenos desocupados”, diz Glauco.
É o caso da designer gráfico Priscila Avelar, 30, e de seu marido, Bruno Santos, 34, que moram em um apartamento no Castelo. “Era mais barato. Na época, ouvíamos falar que muita gente estava saindo do Buritis para morar lá por causa do caos no bairro. Agora, o Castelo está igual”.
Fonte: Super Notícias