Faltam antirretrovirais para o tratamento da Aids no principal ponto de distribuição de medicamentos em Belo Horizonte, o Centro de Treinamento e Referência em Doenças Infecciosas e Parasitárias (CTR/DIP) Orestes Diniz. A Coordenação Municipal de DST/Aids e Hepatites Virais confirmou que, desde a última terça-feira, os remédios Efavirenz, Indinavir e Abacavir não constam nas prateleiras do lugar, deixando pacientes preocupados com a suspensão repentina do fornecimento deles.
Na semana passada, em comemoração ao Dia Mundial de Luta contra a Aids, celebrado em 1º de dezembro, o Estado fez campanha para estimular a população a fazer o exame e aderir ao tratamento. Porém, o problema na distribuição deixa os pacientes descrentes em relação à eficácia do programa, já que não seria a primeira vez que o fato acontece.
“Falam que a gente não pode interromper o tratamento, e eu já estou sem medicamento pela quarta vez neste ano”, contou o maquiador Paulo*, 46, que alega ter ficado sem a medicação por até duas semanas consecutivas e já pegou gripe por não ter tomado os remédios.
O auxiliar de escritório Luiz Lima, 49, também se decepcionou ao ir buscar o seu coquetel nesta semana. É a primeira vez que ele não conseguiu os medicamentos desde que começou a fazer o tratamento, há 15 anos. Agora, ele tem medo de contrair alguma doença oportunista, como pneumonia. “Estou rezando e ficando mais quieto em casa. Estou tentando também pegar medicamento emprestado com amigos”, contou.
De acordo com uma profissional do CTR/DIP Orestes Diniz, que pediu para não ser identificada, cerca de 80% dos quase 4.000 pacientes cadastrados para retirar medicamento na unidade não conseguiram os medicamentos nesta semana.
Avaliação. Para organizações não governamentais (ONGs) que fornecem apoio aos pacientes com Aids, a situação é preocupante. “Todo ano ocorre a falta, mas agora está pior, já que a demanda da medicação aumentou”, disse o membro do Grupo Vhiver, Armando Fernandes. “Não é a primeira vez neste ano que falta medicamento no Estado de Minas Gerais. Na forma infantil, na cidade de Montes Claros, faltou há uns dois meses”, assegurou o presidente do Fórum Minas de ONG/Aids, Nilson Silva.
Em Minas, de 1983 a outubro deste ano, foram registrados 33.167 casos da doença, segundo a Secretaria de Estado de Saúde.
Fonte: Super Notícia