Descobertas arqueológicas na região metropolitana da cidade de Belo Horizonte revelaram rituais que os primeiros habitantes das Américas seguiam para enterrar os mortos.
Uma caminhada por uma trilha curta e os antropólogos e arqueólogos chegam à gruta. O trabalho é minucioso e de muita paciência. A cada pincelada, uma descoberta.
Há pelo menos 11 anos os pesquisadores trabalham na região considerada um dos principais sítios arqueológicos do mundo. A arqueóloga Sônia Cunha veio de Portugal para acompanhar.
“É a minha primeira vez aqui no Brasil trabalhando com arqueologia. Está a ser uma estreia muito compensadora”, exclama Sônia.
Os cientistas acreditam que os habitantes usavam o local como um cemitério. Só em uma área, os arqueólogos encontraram restos mortais de sete indivíduos com mais de oito mil anos. Foram enterrados de maneiras diferentes, e um deles chamou atenção. O esqueleto estava todinho lá, mas completamente desorganizado.
É uma ossada de oito mil anos. Estava cortada e havia indícios de um ritual. O enterro foi feito em uma cova. Segundo os pesquisadores, o comum era colocar o corpo inteiro ou em partes separadas, e cobrir com pedras. Há registros de ossadas com essas características de 10 mil e 9 mil anos.
“Ao contrário do que se acreditava para a região de Lagoa Santa, que era uma ideia que os rituais funerários aqui eram muito simples, sem grandes histórias para contar, o que a gente percebeu é que os sepultamentos da Lapa do Santo contam uma história totalmente diferente”, conclui o arqueólogo André Strauss. “Isso mostra o formalismo, as regras que estavam sendo seguidas por esses grupos na hora de lidar com a morte.”
Fonte: G1