Primeiro era uma programação bem caseira, dentro do Teatro Villa Velha, de Salvador. Mas foi tomando forma, expandindo as fronteiras e o Festival Internacional Vivadança chega, pelo segundo ano consecutivo, a Belo Horizonte, certo de que acertou ao começar por aqui a lançar seus tentáculos Brasil afora. “Como a programação internacional cresceu, tive a necessidade de escoar para outros espaços. Fico com muita pena de trazer um artista de tão longe, vir só para a Bahia, fazer dois dias de apresentação e ir embora”, diz Cristina Castro, idealizadora, diretora artística e curadora da mostra.
A partir de amanhã, serão apresentados no palco do Teatro Oi Futuro Klauss Vianna cinco espetáculos nacionais e internacionais que reforçam a proposta do Vivadança de reciclar anualmente o olhar que se tem para a dança contemporânea. Pode parecer meio lugar-comum, mas diversidade é mesmo característica da seleção que chega por aqui. As propostas misturam desde referências à dança de rua, ao hip-hop, até a secular arte oriental do butô.
“Há diversidade de estilos, de vocabulários, de corpos e de culturas”, sublinha Cristina. Criação da francesa Hapax Compagnie, ‘Sawa Sawa’ abre a temporada mineira depois de surpreender positivamente o público baiano. A obra do bailarino Pascal Giordano mistura vídeo e iluminação na criação de uma imagem poética sobre beleza e graça.
‘Sawa sawa’ junta a experiência que ele tem com o movimento e mistura a paixão pelas artes plásticas. “O trabalho é um exercício de transposição”, comenta. O artista se diz fortemente influenciado pela cultura oriental, também representada no Vivadança em ‘ Tasogare’, do japonês Tadashi Endo. “São artistas que estão no mundo, não estão ligados a nada mega, têm trabalho independente, autoral e maduro”, resume a curadora Cristina Castro.
Se não fosse justamente a experiência acumulada pelos bailarinos Omar Carum (México) e Vladimir Rodríguez (Colômbia), ‘Escrito absurdo’, em cartaz no sábado, não chegaria nem perto da potência que tem. O duo surgiu de parceria inusitada e transatlântica. Radicado em Paris, Vladimir é integrante da colombiana Compañia Cortocinesis Danza Contemporânea, e Omar, por sua vez, fundador da mexicana Delfos Danza. Em encontro da área, eles se deram conta de que tinham em comum questionamentos básicos – e ao mesmo tempo complexos – sobre o ofício.
‘Escrito absurdo’ mistura dança contemporânea e teatro sem economizar nas possibilidades de improvisação que cada uma das artes permite. A cada sessão é o público quem escolhe o bailarino que dará início ao espetáculo. A partir daí, a peça transcorre com robusta parte corporal, com sequência dramática, inclusive cômica.
Ao mesmo tempo em que traz ao Brasil resultados de pesquisas cênicas bem-sucedidas, o Vivadança aposta no que está por vir no universo da dança contemporânea. É aí que se encaixa ‘ Solos Stuttgart’. O espetáculo reúne em sequência os finalistas do Internacionales Solo-Tanz-Theatrer Festival, evento criado há 17 anos na cidade alemã de Stuttgart pelo brasileiro Marcelo Santos. O conjunto que sobe ao palco na sexta reúne obras da República do Chade (‘Leda’, de Rodrigue Osmane), Israel (‘Me-ror’, de Noa Algazi e ‘Emoções’, trabalho, emoções, uma vez por dia, Eran Gisin), Estados Unidos (‘Grief point’, de Sidra Bell), Canadá (‘Whiskers’, de Eleesha Drennan) e Portugal (‘Pisando sobre pedras’, de Hugo Marmelada).
É TEATRO OU NÃO?
O único espetáculo nacional na programação do Vivadança em Belo Horizonte é Dô, do Bando de Teatro Olodum. A montagem na cidade de Belo Horizonte é fruto de parceria com o japonês Tadashi Edo e causou controvérsias na Bahia pela dificuldade de classificá-la. Afinal, é teatro? É dança? No mesmo dia da apresentação de Dô, o festival promove o lançamento do livro Bença, com registro fotográfico feito por João Milet Meirelles da mais recente montagem da companhia baiana.
O que ver
Sexta, 20h
Solos Sttutgart, com seis vencedores e finalistas do Internationales Solo-Tanz-Theatre Festival, Rodrigue Ousmane (República do Chade), Noa Algazi (Israel); Hugo Marmelada (Portugal); Sidra Bell (EUA); Eran Gisin (Israel) e Eleesha Drennan(Canadá).
Sábado, 20h
Escrito Absurdo, com Omar Carrum (México) e Vladimir Rodríguez (Colômbia)
Domingo, 19h
Dô, com Bando de Teatro Olodum (BA) e Tadashi Endo (Japão).
Fonte: Divirta-se Uai